MINDFULNESS E AUTOCOMPAIXÃO
Quando estamos passando por experiências e sensações dificultosas e sofredoras é difícil se manter consciente do que está acontecendo, preferimos nos afastar da dor e/ou tendemos a ter pensamentos autodepressiativos, achando que existe algo de errado conosco. São nesses momentos que necessitamos oferecer a nós mesmos acolhimento e autocompaixão.
A autocompaixão surge da atenção plena (mindfulness), quando nos permitimos ter consciência da experiência no momento presente. O mindfulness, nos proporciona um estado mental de consciência, junto com esse espaço mental vem a liberdade de como escolheremos responder a uma determina situação, aos sentimentos e aos pensamentos provindos dela. A autocompaixão se soma a esse estado mental como uma forma de oferecer a si mesmo apoio as emoções vivenciadas. Seria o semelhante a tratar a si mesmo como um bom amigo que está tendo dificuldades, sem julgamentos.
A autocompaixão é uma ferramente aprendida e utilizada para oferecer a si mesmo um senso de autovalorização que não exige ser perfeito ou melhor do que os outros. É a permissão de sentir o que estiver sentindo, inclusive aquilo que achamos que não deveríamos sentir. Estudos mostram que pessoas que praticam a autocompaixao tendem a se sentir mais felizes, mais satisfeitas com a vida e mais motivadas. Como também a possuírem relacionamentos mais saudáveis e sensações de menor ansiedade e depressão.
O mindfulness, então, permite estar consciente das experiências de uma maneira clara e equilibrada, permitindo que todos os pensamentos e emoções entrem na consciência sem resistência ou esquiva. Quando nos permitimos nos voltarmos as nossas sensações e reconhecê-las, podemos então, dar a nós mesmos aquilo que precisamos para lidar com ela. Só conseguimos responder a aquilo que esta consciente, só podemos dar amor e gentileza (autocompaixão) para nossas dores, quando nos defrontamos com elas.
A quantidade de autocompaixão esta associada a quantidade de prática. Quanto mais praticarmos estarmos presentes e atentos ao momento, mais oportunidades teremos para poder tomar escolhas melhores para nós. Vamos tentar uma prática autocompassiva?
Pense em uma situação dificultosa pela qual você esteja passando, ou talvez algo que você acredita que tenha falhado, ou algo que disse/fez que se arrependeu. De que modo você pode estar perdido no enredo dessa história? Talvez teriam outros olhares que você não consegue enxergar? Outras possibilidades de contar essa história? Isso é tudo que consegue pensar sobre essa situação ou está construindo um problema maior do que o necessário? Perceba os sentimentos que está vivenciando. Tristeza, raiva, frustração? Permita-se sentir. Se for muito doloroso, dê um tempo para si, esse exercício não é uma imposição. De que formas você pode estar se julgando pelo que aconteceu? Tente, então, escrever algumas palavras de gentileza em resposta as emoções difíceis que você está sentindo. As mesmas palavras apoiadoras que você provavelmente diria para algum amigo na mesma situação. Comunique-se com você com acolhimento.
Luma Zagotto
Psicóloga (UFES), Aprimoramento em Transtornos Alimentares (IpQ USP Ambulim)
REFERÊNCIAS
Neff, k., Germer, C. Manual de Mindfulness e autocompaixão: um guia para construir forças internas e prosperar na arte de ser o seu melhor amigo. Porto Alegre: Artmed, 2019.