COMER INTUITIVO E TRANSTORNOS ALIMENTARES


    (04/09/20)  

O comer intuitivo se refere a um padrão de comportamento alimentar que se baseia na capacidade interna do corpo de regular suas necessidades nutricionais. É conceituado como contendo quatro dimensões: 

1) A permissão incondicional para comer: que significa comer em resposta aos sinais de fome fisiológica e o alimento que é desejado no momento,
2) Comer por razões físicas ao invés de emocionais: que é comer para satisfazer os impulsos fisiológicos de fome e não utilizar os alimentos como um mecanismo de enfrentamento do sofrimento emocional,
3) Confiança nos sinais de fome e saciedade para comer: que é a consciência dos sinais de fome e saciedade para orientar a ingestão de alimentos,
4) Congruência nas escolhas alimentares: que é inclinação para fazer escolhas alimentares de acordo com necessidades do corpo.

Em geral, comer intuitivo pode ser entendido como comer com base nas necessidades fisiológicas de fome, saciedade e desejo ao contrário de comer por estados emocionais ou restrições dietéticas impostas por dietas. Traduz-se numa confiança na regulação do corpo de quanto comer e uma tendência a escolher alimentos que são bons para o corpo. 

O comer intuitivo tende a ser a antítese das abordagens populares de dieta e paradigmas alimentares que envolvem restrição calórica ou regras e regulamentos externos de ingestão alimentar que contribuem para o surgimento e a manutenção de transtornos alimentares.

Além disso, diversas pesquisas mostram relações positivas da alimentação intuitiva com satisfação com imagem corporal, IMC normal, saúde mental, bons índices de pressão arterial, glicemia, colesterol e redução da sintomatologia de transtornos alimentares, aumento da auto-estima e redução do afeto negativo. 

Os pacientes com transtornos alimentares não se alimentam de forma intuitiva e para isso é preciso treino. A base está em conseguir colocar em prática 10 princípios: rejeitar a mentalidade de dieta, honrar a fome, fazer as pazes com a comida, desafiar o policial da comida, respeitar a saciedade, descobrir a satisfação, lidar com as emoções sem usar a comida, respeitar o corpo, exercitar-se: sentindo a diferença e honrar a saúde praticando uma nutrição gentil.
Sabemos o quanto é difícil, procure ajuda para melhorar sua relação com a comida.

Mariana Herzog
Nutricionista (UFV), Mestre em Ciências Fisiológicas (UFES), Aprimoramento em Transtornos Alimentares (IpQ USP Ambulim), pós graduada em Comportamento Alimentar (IPGS).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bruce LJ, Ricciardelli LA. A systematic review of the psychosocial correlates of intuitive eating among adult women. Appetite. 2016;96:454-472. doi:10.1016/j.appet.2015.10.012

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Nymo S, Coutinho SR, Eknes PH, et al. Investigation of the long-term sustainability of changes in appetite after weight loss. Int J Obes (Lond). 2018;42(8):1489&8208;1499. doi:10.1038/s41366-018-0119-9

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